MÍDIAS COMUNITÁRIAS, RÁDIOS,PORTAIS, E BLOGS TERÃO ESTUDO PARA SUA SOBREVIVENCIA COM VERBAS PÚBLICAS
23:23Brasília, Brasil e o mundo sem retoques!
Na
véspera das férias parlamentares, comissão cria grupo de deputados para
discutir formas de sustentação financeira de rádios comunitárias, blogs e
portais na internet. Iniciativa é de deputada Luciana Santos (PCdoB/PE).
A Câmara dos Deputados vai tentar
buscar no ano que vem formas de garantir a sobrevivência financeira de veículos
de comunicação que fazem parte da
chamada imprensa alternativa, como rádios comunitárias, portais e blogs na
internet. O centro dos debates será a Comissão de Ciência, Tecnologia,
Comunicação e Informática, que na quarta-feira, dia 21, penúltimo dia de
trabalho parlamentar, instalou uma subcomissão só para cuidar do tema em 2012.
A criação do grupo foi proposta
pela deputada Luciana Santos (PE),
cujo partido, o PCdoB, sentiu-se vítima da imprensa tradicional no caso das
denúncias que levaram à demissão do ex-ministro comunista Orlando Silva. Em
recente reunião do comitê central, o PCdoB avaliou também que a grande mídia seria a líder de uma
oposição conservadora ao governo Dilma, que o partido apoia.
Segundo
Luciana, que será relatora da subcomissão, o grupo vai estudar uma melhor
distribuição dos recursos públicos e privados direcionados à mídia em geral, o
que, na opinião dela, seria importante para aumentar a capilaridade da
comunicação no país e ajudar a democratizá-la.
A
intenção é ir além da política de regionalização da publicidade oficial federa linstituída pelo ex-presidente Lula e mantida pela presidenta Dilma Rousseff. Para Luciana,
é necessário também envolver recursos destinados à produção de conteúdos,
inclusive os provenientes da iniciativa privada, via leis de incentivo e outros
mecanismos.
Ela
conta que se familiarizou com o assunto quando foi secretária de Ciência e
Tecnologia do Estado de Pernambuco. Uma das atribuições do cargo era coordenar
a TVPE, veículo tradicional do estado. “À frente da TV, me envolvi com o tema e
não o abandonei mais, por considerá-lo de extrema importância para a
consolidação da democracia brasileira”, disse.
Foi na 1ª Conferência Nacional de
Comunicação (Confecom), em 2009,
que ela tomou conhecimento de que há mais de uma dezena de projetos no
Congresso sobre financiamento da mídia alternativa. “Não queremos reinventar a
roda, mas discutir esses projetos que já existem, além das contribuições
formuladas pelo governo e pelos movimentos”, afirma.
Eleito
por unanimidade, inclusive com os votos do PT, o presidente da subcomissão será Júlio Campos (DEM-MT), tem perfil
bem diferente. A começar pelo partido, de oposição ao governo.
Ex-governador de Mato Grosso foi,
por mais de 20 anos, proprietário do maior grupo de comunicação do estado, que incluía canais de TVs, rádios e jornais
impressos. Depois de amargar algumas derrotas políticas, acabou perdendo a
maior parte das empresas e foi obrigado a “passar adiante” antigas concessões.
Mas,
a despeito de sua forte ligação com a imprensa convencional, Júlio Campos afirma reconhecer a
importância que a mídia alternativa adquiriu nos últimos tempos. “Qualquer município do interior possui,
hoje, um sítio de notícias que informa a população e fomenta a democracia.
Entretanto, mais de 95% dos recursos de publicidade oficial ainda são
destinados aos canais da mídia convencional”, afirma.
Segundo
ele, nas suas andanças pelo vasto interior de Mato Grosso, tem observado que,
atrás da mesa de cada locutor, seja das rádios comerciais quantos das
comunitárias, está um computador conectado à internet. “São as mídias
alternativas da rede mundial de computadores que pautam a imprensa de todo o
país e que fazem a informação chegar às populações dos locais mais longínquos”,
diz.
Questionado
se criação da subcomissão, pautada por uma deputada do PCdoB, tem a ver com o
momento político vivido pelo país, em que a mídia convencional tenta
condicionar a política, derrubando sucessivos ministros, Júlio Campos admite
que esse contexto influencia, mas não é definitivo.
“As mídias alternativas também
pautam as disputas de poder”, alega ele,
sem deixar de reconhecer que o poder da mídia convencional é, de fato, muito
superior ao do Executivo.
“Eu
sempre digo que, antigamente, o Brasil tinha três poderes: o Executivo, o
Legislativo e o Judiciário. Depois, veio a imprensa
e se tornou o quarto poder. Hoje, temos em torno de cinco, mas em ordem de
importância inversa: a Imprensa é o primeiro, seguida pelo Ministério Público.
Só depois temos a Justiça, o Legislativo e, por fim, o Executivo, que não manda
mais nada”, analisa.
Najla Passos.
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