E O CLIMA DE COPA DO MUNDO DA FIFA NO DF, COMO ESTÁ?
17:17Brasília, Brasil e o mundo sem retoques!
CLIMA DE
COPA EM BRASÍLIA, OSCILA ENTRE ANIMAÇÃO E PROTESTO
A indignação e a insatisfação com os gastos feitos pelo
governo para realização do evento não são ignoradas
A menos de uma semana da Copa do Mundo, o sentimento dos
brasilienses está dividido em relação ao Mundial. Muitos sentem uma mistura de
ansiedade e animação com a proximidade dos jogos e com a Copa em território
brasileiro. Entretanto, a indignação e a insatisfação com os gastos feitos pelo
governo para realização do evento não são ignoradas.
Em Brasília, algumas ruas estão enfeitadas e há quadras comerciais
"vestidas" de verde e amarelo. No trânsito também é possível ver a
animação de alguns torcedores. Há carros adesivados com bandeiras do Brasil,
com bandeirinhas e fitas nas janelas. Há quem ache que a cidade - que vai
sediar sete partidas do Mundial - ainda não está no clima de Copa como em anos
anteriores.
As quadras residenciais estão enfeitadas de forma tímida -
umas mais, outras menos, mas nada comparado a edições anteriores. O estudante
Marco Rezende, 21 anos, disse que gosta de futebol, mas que o entusiasmo é
outro.
"Eu vou assistir aos jogos. Eu gosto, mas não estou
muito animado. Eu acho que Copa sempre foi uma coisa que todos assistimos
juntos e torcemos para o Brasil. Hoje está um pouco dividido. Minha quadra, por exemplo, já foi mais enfeitada
em outras Copas”, disse o morador da 412 sul.
“Achei que, por ser no Brasil, as pessoas ainda não
acordaram, é como se a ficha não tivesse caído ainda. Não vejo os carros
enfeitados, não estou vendo tudo decorado e a mobilização que esperava por causa
da Copa ser país. Acho que ainda há muita tensão por causa das manifestações”,
disse a servidora Paloma Figueirôa, 24 anos.
Paloma adora futebol e a Copa do Mundo – a capa do celular já
está com a bandeira do Brasil, a casa decorada, os ingressos comprados para
todos os jogos na capital e as mãos suadas só de falar no assunto. Para ela, o
clima vai mudar depois que os jogos começarem.
“A desanimação que eu percebo tem a ver com as pessoas
acharem que o governo gastou e errou ao ter trazido a Copa para o país. Mas
temos o futebol como paixão. Eu também apoiei as manifestações quando achei que
ainda dava para fazer algo. Agora, o que pode ser feito é depois. Os jogadores
e o campeonato não têm culpa. Podemos nos manifestar de outras formas, sem
revolta e baderna. Os olhos do mundo estarão voltados para nós”, destacou.
Integrante do Comitê Popular da Copa do Distrito Federal,
Vinícius Lobão acredita que a população esteja mais revoltada do que acomodada
ou satisfeita com a Copa.
“Mesmo os que compraram ingressos para assistir aos jogos
estão por dentro das diversas violações que foram cometidas pela Federação
Internacional de Futebol (Fifa), pelos seus patrocinadores e pelo Estado por
conta da realização desse evento”, explicou Lobão, em referência às denúncias
de remoção de famílias dos locais onde foram construídos estádios, sem
planejamento ou as indenizações devidas.
De acordo com ele, a mobilização e a insatisfação das pessoas
- como consequência de informações sobre irregularidades - foi uma conquista
dos comitês populares e de diversos outros movimentos sociais desde junho do
ano passado.
“Antigamente, pouco se debatia ou conversava sobre política
em geral - saúde, mobilidade urbana, educação, modelo de cidade -, hoje,
independentemente da opinião, ao menos se debate. Acreditamos que esse é um
primeiro passo para uma transformação, para uma sociedade mais justa e para que
a população se conscientize”, destacou.
Para ele, os questionamentos e as manifestações não serão
esquecidos com o início dos jogos. “Estaremos nas ruas, seja em protestos
pacíficos, com rodas de debate e ações de panfletagem. Já temos um calendário
montado para todos os dias de jogos que acontecerão aqui em Brasília, cada um
com um tema diferente, para que possamos debater e informar a população sobre
diversos assuntos”, disse.
Apesar de achar que os recursos destinados à competição foram
mal gastos, a publicitária Marja de Sá, 29 anos, acredita que a hora de fazer
protestos passou e que, agora, o momento é de torcer.
“Eu adoro a Copa, sempre acompanho e estou muito animada em
poder ir aos jogos. Consegui [ingressos para] todos [os jogos] de Brasília”,
disse Marja.
Para ela, ainda há muita desinformação em torno do assunto.
“Há muita publicação falando que o país deixou de investir em educação e saúde
para fazer a Copa, quando, na verdade,
não falta dinheiro para nenhuma área. O que falta é a gestão adequada dos
recursos. O problema é que escolhemos maus gestores”, explicou.
Fonte:
Agência Brasil
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