PAZ NA PALESTINA! TOMARA QUE DURE! - ISRAEL E AUTORIDADE PALESTINA CONFIRMAM CESSAR FOGO
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PRESIDENTE
DA AUTORIDADE PALESTINA CONFIRMA ACORDO DE CESSAR-FOGO DURADOURO ENTRE HAMAS E
ISRAEL.

Conflitos se estenderam por quase dois meses, deixando um
rastro de destruição e morte. | Foto: Mahmud Hams/AFP
Dois porta-vozes do movimento islâmico Hamas anunciaram nesta
terça-feira (26/8) que autoridades israelenses e palestinas concordaram com um
acordo de cessar-fogo, após 50 dias de conflito. A confirmação foi dada pelo
presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, mas, até o momento, o
governo israelense não se manifestou a respeito.
Essa é a 12ª tentativa de um acordo de paz desde o início dos
conflitos, em 8 de julho. Naquele dia, o Hamas começou uma série de ataques
contra o território israelense em retaliação à morte de três palestinos, cujos
corpos foram localizados no dia 30 de junho. Israel nega a autoria das mortes e
responsabiliza o Hamas pelo acontecido. Desde então, uma série de ataques
deixou centenas de mortos, feridos e desabrigados naquela região do Oriente
Médio.
Segundo o jornalista Herbert Moraes, correspondente da TV
Record em Tel-Aviv e colunista do Jornal Opção, o acordo firmado
nesta terça-feira prevê a abertura das fronteiras da região de Gaza para
ajuda humanitária, como equipes médicas e o envio de materiais de construção.
Segundo especialistas, os ataques das últimas semanas causaram danos que
levarão pelo menos uma década para serem reparados.
Os palestinos passarão a ter também o direito de pesca a uma
distância de até seis milhas do litoral. Atualmente, são apenas três. Outras
questões reivindicadas pelo Hamas, como a reabertura do porto e do aeroporto de
Gaza, além do fim dos bloqueios, serão discutidas daqui um mês.
O cessar-fogo com Israel só foi possível após o chefe da
delegação palestina Azzam al-Ahmad, com os líderes do Hamas, da Jihad Islâmica
e outros movimentos palestinianos em Ramallah, Gaza e Catar acertarem os
termos. O governo egípcio também foi essencial para o processo.
Segundo destaca Herbert, o Egito tem agido como negociador
desde o princípio, já que Israel considera o Hamas, que controla a região de
Gaza, como um grupo terrorista o que, portanto, impossibilita negociações entre
as partes. O Hamas é um braço da Irmandade Muçulmana, da qual participava o
ex-presidente do Egito Mohamed Morsi, deposto em julho de 2013.
Denota-se assim o interesse do atual governo daquele país,
que, ao contrário do antigo regime, não apoia as ações do Hamas. O presidente
Abdul Fatah Khalil Al-Sisi deseja fortalecer o presidente da autoridade
palestina e conseguir maior influência na região.
Se o Hamas está isolado, depois de ter perdido não só o apoio
do Egito, mas também do Irã e da Síria, por exemplo, a situação não é muito
diferente para Israel. O Estado não pode mais contar com o suporte efetivo dos
Estados Unidos, envolvidos nos combates contra o grupo extremistas do Estado
Islâmico do Iraque e da Síria (Isis), e enfrenta pressão internacional cada vez
maior pela reação considerada desproporcional contra a região palestina. Tal
situação tem levado a um sentimento cada vez maior de antissemitismo no mundo.
Herbert destaca que uma solução para a crise está longe de
acontecer. Vislumbrada por alguns como uma chance pela paz, ele ressalta que a
criação de um Estado palestino não deve ser considerada como uma alternativa.
“Não é esse o momento para discutir isso. Não acredito que veremos um Estado
palestino tão cedo. As questões são mais profundas que a gente consegue
perceber”, declara.
O correspondente pontua que ainda que este cessar-fogo seja
efetivado, há riscos de que novos conflitos possam ser desencadeados na
Cisjordância, região palestina separada por 45km de Gaza e controlada pelo
Fatah, um grupo político mais moderado que o Hamas. “Houve protestos por lá e
há possibilidade de que haja uma revolta.
O caldeirão na região está fervendo”,
destaca Herbert.
Até o momento, os conflitos na região de Gaza causaram a
morte de 68 israelenses (64 soldados e quatro civis) e de 2.100 palestinos. O
Hamas afirma que 80% das vítimas são civis, enquanto que o governo israelense
alega que são cerca de 50%.
Há pelo menos 10.000 palestinos feridos e mais de 200 mil
desabrigados.
Por Thiago Burigato
26/08/2014
16h26
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