POPULAÇÃO DO DF JÁ PASSA DOS 2.850.000 HABITANTES - E NÃO PARA DE CRESCER!
15:51Brasília, Brasil e o mundo sem retoques!
A população do Distrito Federal cresce a uma velocidade que a
administração pública não consegue acompanhar.
Prova dessa equação desigual são
as longas filas nos hospitais, os problemas no transporte público e na
segurança. Atualmente, Brasília é o quarto município mais populoso do Brasil,
com 2.852.372 habitantes, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Entre as capitais, a cidade teve a segunda
maior taxa de crescimento entre 2013 e 2014: 2,25%.
Quando se analisa a área metropolitana, a Região Integrada de
Desenvolvimento Econômico do DF (Ride) ocupa o quinto lugar entre as mais
populosas do país. Os 4.118.154 habitantes representam 2,03% do total. Em
destaque na pesquisa, o DF ultrapassou municípios como Belo Horizonte e
Fortaleza e se aproxima cada vez mais do terceiro colocado, Salvador. “A taxa
de crescimento daqui é o dobro da nacional. No país, observamos uma
desaceleração do fluxo migratório, em parte explicada pelas políticas de
transferência de renda. Isso reduz a motivação da pessoas de migrar para um grande
centro”, explica o presidente da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan),
Júlio Miragaya.
No DF, o fluxo migratório continua alto devido à renda
elevada dos habitantes. Esse cenário oferece oportunidades de trabalho de baixa
qualificação ou para atuação como pequenos empreendedores. “Isso não acontece
mais em algumas cidades, como São Paulo, por exemplo, que têm atividade
econômica ancorada na indústria. Lá, a mecanização e a automação do setor têm
gerado cada vez menos empregos, além de demandar mão de obra mais qualificada”,
completa Miragaya.
http://www.metropolitanadf.com.br/
ENQUANTO ISSO NO ENTORNO...
Entorno do DF concentra quase 40% dos assassinatos de Goiás
Com 1,15 milhão de habitantes, região tem 20% da população do
estado.
Média de homicídios é o triplo da taxa nacional, diz Ministério Público.
Média de homicídios é o triplo da taxa nacional, diz Ministério Público.
AS 9 CIDADES MAIS VIOLENTAS DO ENTORNO DO DF
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Por tipo de crime no primeiro semestre de 2011
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CIDADE
|
HOMICÍDIO*
|
ROUBO A PEDESTRE
|
ESTUPRO
|
Luziânia
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53
|
176
|
4
|
Valparaíso
|
32
|
177
|
3
|
Águas Lindas de Goiás
|
31
|
174
|
7
|
Novo Gama
|
15
|
89
|
5
|
Planaltina
|
11
|
110
|
9
|
Santo Antônio do Descoberto
|
11
|
71
|
1
|
Formosa
|
10
|
35
|
2
|
Cidade Ocidental
|
6
|
31
|
3
|
Cristalina
|
6
|
11
|
1
|
* Inclui homicídios dolosos e latrocínios
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Fonte: Polícia Civil de Goiás
|
As 19 cidades de Goiás no Entorno do Distrito Federal são
responsáveis por quase 40% dos casos de homicídio registrados no estado em
2010, embora concentrem apenas 20% da população. Apesar de ter o triplo da
média nacional de assassinatos – há cidades com 75 mortes para cada grupo de
100 mil habitantes, de acordo com o Ministério Público de Goiás (MP-GO) – a
região não tem delegacia de homicídios. Outras três cidades mineiras integram a
região.
Segundo o MP, as cidades goianas do Entorno têm 6 mil mandados de prisão não cumpridos, 10 mil inquéritos parados. Nenhuma cidade do Entorno tem mais de quatro juízes. É o caso, por exemplo, da cidade goiana do Novo Gama. Uma rua separa o município da região administrativa do Gama, no Distrito Federal, onde há 12 juízes.
Segundo o MP, as cidades goianas do Entorno têm 6 mil mandados de prisão não cumpridos, 10 mil inquéritos parados. Nenhuma cidade do Entorno tem mais de quatro juízes. É o caso, por exemplo, da cidade goiana do Novo Gama. Uma rua separa o município da região administrativa do Gama, no Distrito Federal, onde há 12 juízes.
"É impunidade. É uma região sem aplicabilidade da
Justiça. As pessoas começam a pensar que o crime no Entorno compensa. A
quantidade de inquéritos me assusta", afirma o coronel Edson Costa Araújo,
coordenador do Gabinete de Gestão de Segurança do Entorno, órgão ligado à
Secretaria de Segurança Pública de Goiás.
O gabinete foi criado em fevereiro passado para tentar
reverter os altos índices de criminalidade da região. “O sistema de segurança
pública é quase inexistente."
Por conta de toda essa situação, policiais de Goiás que atuam
na região colocaram outdoors
na divisa entre o Distrito Federal e duas das cidades mais
violentas do Entorno – Águas Lindas e Valparaíso – alertando motoristas sobre a
falta de segurança. “Cuidado. Você está entrando em uma das regiões mais
violentas do planeta”, diziam os outdoors.
Depois de meses de estudo, Araújo diz que devem ser criadas
no Entorno companhias de polícia nos moldes das Unidades de Polícia
Pacificadora (UPPs), implantadas em favelas dominadas pelo tráfico no Rio de
Janeiro. Segundo ele, a ideia é colocar na rua uma polícia comunitária, que se
aproxime da população.
O Entorno do DF abriga 19 municípios de Goiás e 3 de Minas
Gerais em 19 mil km². Em 2010, segundo o IBGE, a população era de 1.149 milhão
de habitantes. Muitos moradores da região trabalham e votam no DF devido à
proximidade com a capital. Entre 2006 e 2010, 47,4 mil pessoas da região
transferiram o título de eleitor para o DF, segundo o Ministério Público
Eleitoral. (Foto: Reprodução)
Nessas companhias devem trabalhar policiais recém-formados,
para evitar "contaminação" pela corrupção, disse. Sua implantação
deve ser acompanhada de políticas públicas em outras áreas, como saneamento e
abertura de escolas, diz Araújo.
O projeto ainda depende de aprovação do
governo de Goiás. Com 390 policiais civis, quando o
necessário seriam pelo menos mil, segundo o presidente do sindicato dos
policiais, Silveira Alves. Eles trabalham com poucos equipamentos, munição
comprada do próprio bolso, balas e coletes vencidos e em viaturas sem rádio e
com pneus carecas, afirma.
Delegacia em Luziânia (acima), sem grades nas janelas, pneus rasgados e arecas em carro de polícia (esquerda), que não dispõe de rádio de comunicação (direita) (Foto: Naiara Leão/G1)
Na delegacia da mulher de Luziânia, que até o início do mês era a única em todo o Entorno, não há um espaço reservado para ouvir as vítimas de estupro, e os agentes escolhem os casos em que há risco de vida para acompanharem, pois não há efetivo para atender a todos os casos.
Na delegacia da mulher de Luziânia, que até o início do mês era a única em todo o Entorno, não há um espaço reservado para ouvir as vítimas de estupro, e os agentes escolhem os casos em que há risco de vida para acompanharem, pois não há efetivo para atender a todos os casos.
Segundo a agente Deusa Moreno, as ocorrências envolvendo
mulheres vem aumentando com a propagação do crack. No primeiro semestre foram
15 homicídios, contra 4 no mesmo período do ano passado. Desse total, apenas
dois foram casos de violência doméstica. “O restante é relacionado a dívidas ou
rixas por drogas e ciúmes de traficantes”, afirma Deusa.
É impunidade. É uma região sem aplicabilidade da Justiça. As
pessoas começam a pensar que o crime no Entorno compensa. A quantidade de
inquérito me assusta"
Coronel Edson Costa Araújo, coordenador do Gabinete de Gestão
de Segurança do Entorno
Falta de Estado
Em março, ocorreram 71 homicídios nas cidades do Entorno, o que levou o governador de Goiás, Marconi Perillo, a pedir ajuda para a Força Nacional.
Em março, ocorreram 71 homicídios nas cidades do Entorno, o que levou o governador de Goiás, Marconi Perillo, a pedir ajuda para a Força Nacional.
Desde abril, a Força atua em alguns dos municípios mais violentos da região –
Águas Lindas, Valparaíso, Cidade Ocidental, Luziânia e Novo Gama.
Numa audiência pública sobre a segurança do Entorno,
realizada na Câmara Legislativa do DF, no último dia 12, representantes das
Secretarias de Segurança Pública do DF e de Goiás, do Ministério da Justiça,
deputados distritais, especialistas e representantes da sociedade civil
apontaram a ausência do Estado e de oportunidades como razões para a escalada
de violência.
“Falta saúde, educação, emprego e oportunidade no Entorno. A
discussão tem que ser sobre cidadania, transporte e educação. A pressão
policial só faz com que o crime se desloque para outra área”, resumiu o
especialista em segurança da Universidade de Brasília, Flávio Testa. “Todos
fazem diagnóstico da região, mas isso não resolve. O que adianta é captar
recurso e colocar em prática.”
De acordo com a promotora de Justiça Patrícia Oliveira, a
situação já foi pior. Ela coordena o Projeto Entorno do MP-GO, que desde 2007
acompanha a situação de segurança e social da região e cobra ações de Goiás, do
DF e da União.
Para ela, duas ações são emergenciais para diminuir a violência no Entorno. “A
primeira é convocar prioritariamente para lá, pelo menos 70% dos 300 policiais
já aprovados em concurso”, diz. A segunda é a implantação de presídios em
Formosa, Águas Lindas e Novo Gama.
Segundo ela, R$ 81 milhões para essas obras foram liberados em 2008 por um programa do Ministério da Justiça, mas permanecem nos cofres da União, pois nem o DF, nem Goiás, nem as prefeituras apresentaram projetos para construção.
Todos fazem diagnóstico da região, mas isso não resolve. O
que adianta é captar recurso e colocar em prátic"
Flávio Testa, especialista em segurança da Universidade de
Brasília
Estrutura precária
Os policiais civis que atuam no Entorno reclamam da falta de estrutura para trabalhar. Na 1ª Delegacia de Polícia de Valparaíso, visitada pelo G1, faltam grades nas janelas, o carro usado pelos policiais não tem rádio e os pneus estão carecas.
A contenção de gastos faz com que policiais que atuam no Entorno do Distrito Federal tenham uma cota de 11 balas por semestre, segundo um policial que pediu para ser identificado apenas como Rodrigo.
No curso de formação da Academia de Polícia, os agentes praticaram com 30 tiros. “Só para comparar, no último curso da Polícia Federal, o treinamento foi com 2.400 tiros”, disse Rodrigo, que afirmou ter custeado aulas à parte porque considerou a formação “insuficiente” e teve medo de errar ao ir para as ruas.
Os policiais civis que atuam no Entorno reclamam da falta de estrutura para trabalhar. Na 1ª Delegacia de Polícia de Valparaíso, visitada pelo G1, faltam grades nas janelas, o carro usado pelos policiais não tem rádio e os pneus estão carecas.
A contenção de gastos faz com que policiais que atuam no Entorno do Distrito Federal tenham uma cota de 11 balas por semestre, segundo um policial que pediu para ser identificado apenas como Rodrigo.
No curso de formação da Academia de Polícia, os agentes praticaram com 30 tiros. “Só para comparar, no último curso da Polícia Federal, o treinamento foi com 2.400 tiros”, disse Rodrigo, que afirmou ter custeado aulas à parte porque considerou a formação “insuficiente” e teve medo de errar ao ir para as ruas.
O coordenador do Gabinete de Gestão de Segurança do Entorno
admite que a situação é precária, mas diz não ter saber da falta de quipamento
básico. “Não tenho conhecimento disso”, disse.
“As forças especializadas andam
com mais munição. Pessoal do dia a dia tem um quantitativo adequado. Nunca
chegou reclamação.”
R$ 10 bilhões é quanto o governo federal repassa ao DF
anualmente para a área de segurança pelo Fundo Constitucional
Segundo ele, o investimento no Entorno beneficia não apenas
as cidades de Goiás, mas também o Distrito Federal. “Tudo que é ruim para o
Entorno é ruim para o DF. Estamos buscando saúde, educação. A segurança fica
com flanco aberto.
Investir no Entorno é muito bom para a capital.”
Segundo ele, a solução para a região deve ser compartilhada.
“Precisamos de um decisão política, cada um dizendo o que vai fazer, com os
custos claros. DF tem fundo constitucional [verba repassada pelo governo
federal], de R$ 10 bilhões. Com um R$ 1 bilhão por ano, daríamos segurança ao
Entorno”, diz Araújo.
O coordenador lembra da proximidade da Copa do Mundo –
Brasília sediará jogos da competição e pleiteia a abertura do mundial de 2014.
“Vamos ter jogos da Copa do Mundo. Que cartão de visita é esse para o mundo?”,
indaga. “O custo de estrutura e equipamento, fora pessoal e custeio, é bem mais
aquém do que a preparação de um estádio da Copa.”
Naiara Leão
Do G1 DF
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