MOVIMENTO DOS SEM TETO CONTINUAM INVASÃO EM SAMAMBAIA POR QUE "GDF NÃO RESOLVE NADA" AFIRMAM OS LÍDERES DO MOVIMENTO
11:00Brasília, Brasil e o mundo sem retoques!
"Cansados de ser enganados", dizem líderes do movimento!
Intitulados integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), os sem-teto não lutam pela reforma agrária, como inicialmente se imagina, querem um terreno em região urbana para construção de moradias.
Intitulados integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), os sem-teto não lutam pela reforma agrária, como inicialmente se imagina, querem um terreno em região urbana para construção de moradias.
Improviso
Os barracos ainda são de lona, alguns se alojam em barracas
de camping. A cozinha é comunitária, e os alimentos chegam por meio de
contribuições dos acampados ou por doações da população e de simpatizantes. O
banheiro também é improvisado, sem qualquer estrutura ou saneamento. Ainda
assim, ao falar em moradia própria, os olhos dos novos membros brilham com
esperança.
Na contramão da agonia vivida pelas famílias, crianças de
todas as idades se divertem em meio à falta de saneamento. Um pula-pula,
instalado na entrada do acampamento, forma fila e faz a alegria da criançada em
dias ensolarados. Enquanto isso, logo ao lado, novos barracos se formam.
Revolta
Outros, como dona Alzerita Pereira, 51 anos, que recebe
auxílio-doença por conta de três AVCs que já sofreu, apenas se revolta. “Sou
cadastrada nesses programas desde que meus três filhos ainda eram bebês. Hoje o
mais velho está com 29 anos. Eles [o governo] estão esperando eu morrer. Meus
três filhos também são cadastrados e nunca foram chamados”, esbraveja Alzerita.
De acordo com ela, há uns dois anos foi chamada. Gastou o
dinheiro que não podia para tirar a documentação exigida, mas, depois disso,
nunca foi contemplada. A esperança diminuiu depois que seus filhos saíram do
seu cadastro por terem atingido a maioridade.
Atualmente Alzerita mora de aluguel em outra invasão, só que
na Ceilândia, no setor Sol Nascente, onde, no início do ano, já foram
realizadas ações da Agefis (Agência de Fiscalização) para derrubada de invasões
irregulares.
Outros casos
Já a dona de casa Judith Neres, 56 anos, está lá para
conseguir um terreno para o filho que tem nove filhos e está no cadastro há
anos. “A fila não anda, e a gente precisa brigar. Sou mãe. Sofro por ele e
pelos meus netos”, desabafou.
A auxiliar de serviços gerais Carmem Lúcia, 45, relatou ter
perdido o cadastro por não ter acesso à internet. “Meu cadastro desapareceu.
Fui na Codhab e me informaram que eu tinha que ter feito o recadastramento.
Como eu ia saber? Não tenho internet, não sei mexer em computador nem fiquei
sabendo do recadastramento”, reclama Carmem.
Luta
O Fato Online esteve no acampamento em Samambaia, conversou
com os organizadores e também com pessoas adeptas ao movimento. O terreno
invadido é de propriedade da Terracap, Companhia Imobiliária de Brasília. O
coordenador do movimento, Sebastião de Sousa, 36, está na luta há seis anos,
desde que a frente foi formada em Brasília. Ele informou que, atualmente, o
movimento é composto por cerca de 1.400 famílias no DF, mas esse número tem
aumentado a cada dia.
Promessa
Sousa explicou que estão em negociação com a Codhab
(Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal) e que, no
governo Agnelo Queiroz (PT), foi acordado um terreno para as famílias do
movimento, mas a promessa não foi cumprida.
No governo atual, segundo ele, já foram apresentados sete
terrenos em áreas urbanas, inclusive essa área em que estão, entre a Samambaia
Sul e a Samambaia Norte, e que é a preferência dos sem-teto. “Desde o início do
ano, já ocupamos outras quatro áreas. Agora vamos aguardar a decisão do governo
nesta área aqui”, disse o coordenador.
De acordo com o coordenador, o governo ficou de apresentar
uma solução até a próxima quarta-feira (5). “Nós temos uns sete terrenos
levantados e eles [o governo] estão avaliando. Nosso movimento está cansado de
ser enganado”, disse. Caso a resposta seja negativa, Sousa afirma que
continuará no local até o impasse ser decidido.
“Estamos aqui reivindicando também o destravamento do Minha
casa Minha Vida. Mas o nosso é pela entidade. Queremos o terreno para construir
pela entidade”, explicou Sousa.
CORREIO BRZILIENSE.
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