ECONOMIA PODE ESTABILIZAR A PARTIR DO FIM DO ANO AVISA ECONOMISTA
12:40Brasília, Brasil e o mundo sem retoques!ANALISTA
PREVÊ ESTABILIZAÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA A PARTIR DO FIM DE 2016
Para o economista Luiz Carlos Prado, conjunção de fatores positivos, como
expansão das exportações, e negativos, como o cenário internacional turbulento,
não justifica otimismo "no curto prazo”.
São Paulo – Embora a estimativa de retomada do crescimento
econômico do país não seja consensual entre economistas, alguns sinais
políticos e econômicos apontam para um cenário menos nebuloso em 2016. Os
analistas, de modo geral, concordam que os desdobramentos negativos da crise de
2015 e também a superação dos “efeitos colaterais” do ajuste fiscal impedem a
previsão de uma retomada do crescimento no curto prazo, mas apontam para um
horizonte mais estável ao final de 2016.
Para o economista Luiz Carlos Prado, do Instituto de Economia
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a análise dos principais
fatores que podem desencadear a retomada permite prever, mais seguramente, o
final deste ano como mais “plausível” para o início da estabilização e, consequentemente,
uma inversão da “curva” descendente.
A conjunção de fatores positivos, como tendência de inflação
mais baixa, queda menos acentuada do PIB e expansão das exportações
impulsionadas pela alta do dólar, e negativos, como o cenário internacional
turbulento e a ainda não superada crise política brasileira, não justificam um
otimismo no curto prazo, na opinião de Prado.
“Precisamos ter ou retomada do investimento, e aí implicaria
algumas ações do governo para puxar esse investimento, ou aumento do consumo
privado. Provavelmente, na parte privada, pode até não continuar a queda na
mesma proporção de 2015. O salário mínimo (que foi para R$ 880,00) é um fator
positivo. Mas, por outro lado, o desemprego deve ainda aumentar”, avalia.
A equação do crescimento passa necessariamente pela questão
da balança comercial, mas, para o economista, essa variável também deve ser
relativizada em função do cenário internacional e do próprio peso das
exportações brasileiras no conjunto da economia. “Acho que vai haver aumento do
superávit comercial, inclusive na exportação de manufaturados. Mas a economia
mundial não está bem, e os preços do que exportamos está muito baixo. Então, em
termos de valores, o cenário não é positivo. Certamente teremos superávit na
balança, mas o comércio exterior tem uma porcentagem pequena na nossa economia,
e acho difícil que isso, isoladamente, puxe o crescimento.”
De acordo com números do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior, embora oscile entre sétima e oitava economia
mundial, o Brasil ocupa apenas o 25° lugar no ranking de países exportadores.
Entre os países do Brics, tem a menor participação de exportações em relação ao
PIB: enquanto esse índice é de 27% no Brasil, chega a 64% na África do Sul, 53%
na Índia, 51% na Rússia e 50% na China.
Por falar em China, sem considerar os blocos, mas apenas
países, é o maior comprador do Brasil. Do total das exportações brasileiras em
2015, 18,6% (U$ 35,6 bilhões) foram para o país asiático, número 11,3% menor do
que no ano anterior. “E o preço das commodities (principal pauta da exportação
brasileira) depende muito da economia chinesa”, lembra o economista. A queda
das exportações para a China foi menor do que a queda média nas exportações
brasileiras (14,1%), mas tem impacto importante, pelo volume das vendas ao
gigante do Oriente.
Segundo Prado, o cenário internacional adverso não facilita
uma retomada da economia brasileira no curto prazo. “Se o problema fosse
essencialmente interno, haveria como retomar mais facilmente. Mas a junção dos
cenários externo e interno não ajuda.”
Ele destaca que no início do ano a economia estará em queda,
inclusive pela “inércia do período anterior”. “Mas não acho absurdo que lá no
final do ano, quando ficar mais claro o cenário político, o que vai facilitar a
tomada de decisão dos agentes econômicos, haja uma tendência de estabilização.
O cenário de crescimento está mais para 2017. Em 2016 a queda da economia deve
ser menor do que 2015 e é provável que no final do ano esteja se estabilizando.
É um cenário bastante plausível.”
A Petrobras é outra variável essencial na equação da economia
brasileira. A companhia é a principal representante do setor de petróleo e gás
no país. O setor é responsável por 13% do PIB nacional, segundo a própria companhia.
Com a Operação Lava Jato e a brutal queda do preço do petróleo (que chegou a
inimagináveis U$ 33 o barril), os negócios da empresa e sua capacidade de
investimento estão hoje seriamente comprometidos.
Entre os fatores positivos, que podem estimular a economia, a
substituição de Joaquim Levy por Nelson Barbosa sinaliza a retomada de uma
economia um pouco mais agressiva, na opinião de Luiz Carlos Prado. “Mas o
ministro da Fazenda, isoladamente, não pode fazer muita coisa. Tudo depende da
capacidade que ele tem de aprovar políticas, tanto no Congresso como no próprio
governo.”
Prado considera Barbosa “pragmático” a ponto de manter uma
política cautelosa. A conjuntura o coloca no centro de uma pressão muito forte
e a própria Dilma Rousseff tem afirmado que o governo vai evitar solavancos com
o objetivo de chegar ao crescimento gradativamente.
A expectativa de que o pagamento das “pedaladas fiscais” pelo
governo podem ter potencial importante de estímulo à economia é um dos fatores
dessa equação. O Tesouro pagou, no final de 2015, R$ 55,8 bilhões ao BNDES,
Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e FGTS. O setor de habitação seria o
principal setor incentivado com os recursos.
Mas, para isso, o cenário do financiamento imobiliário
precisa clarear, com a diminuição dos juros e mecanismos para facilitar o
financiamento, considerando que, hoje, as famílias estão afetadas pelo
desemprego e taxas de juros altas.
“Uma saída são os programas de infraestrutura, de licitações
de estradas, por exemplo. Seria uma área que poderia responder num período de
tempo relativamente curto. Mas, em economia, curto prazo são meses”, diz Luiz
Carlos Prado.
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