COMÉRCIO; BRASIL EM QUEDA LIVRE: MAIS DE CEM MIL LOJAS FECHADAS
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BRASIL EM
QUEDA NO COMÉRCIO E SERVIÇOS.
Quase 100
mil lojas foram fechadas em 2015

Como nada mudou na passagem do ano, o encolhimento deve
continuar. Neste mês, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que os
comerciantes reclamam cada vez mais da demanda insuficiente e dos custos com
mão de obra, o que pode incentivar demissões nos próximos meses. O próprio
indicador de emprego previsto caiu 3,3 pontos, para o menor nível da série
histórica, iniciada em março de 2010. “Isso é um sinal de que o ritmo de
redução de pessoal ocupado no setor deve aumentar nos próximos meses”, explica
Aloisio Campelo, superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV.
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e
Turismo (CNC) espera pela demissão de aproximadamente 245 mil trabalhadores
formais neste ano – o comércio já fechou quase 181 mil vagas em 2015. Mas o
problema não deve se limitar a demissões. Sem clientela suficiente, quase 100
mil lojas deixaram de existir no ano passado. “A tendência de fechamento deve
continuar. O comércio continua com o pé na lama”, afirma o economista da CNC
Fabio Bentes.
Sem uma via de escape, o varejo depende do consumo doméstico.
Só que os brasileiros seguem pessimistas diante do aumento do desemprego e da
queda na renda e, na tentativa de equilibrar o orçamento doméstico, acabam
freando os gastos. Muitos inclusive têm recorrido à poupança para conseguir
manter as contas em dia. “Há menos pessoas trabalhando e muitas pessoas
ganhando menos. Isso impacta”, diz o economista Thiago Biscuola, da RC
Consultores.
No ano passado, as vendas no varejo restrito encolheram 4,3%,
o pior resultado desde o início da pesquisa do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), em 2001. No segmento ampliado, que inclui
veículos e material de construção, o tombo foi ainda maior, de 8,6%. Como
resultado, o Produto Interno Bruto (PIB) do comércio deve ter encolhido 8% no
ano passado, o pior resultado desde o início das Contas Nacionais em 1948,
estima a CNC.
A forte queda no PIB do comércio em 2015 abortou o processo
de crescimento do peso da atividade na economia brasileira, um caminho encarado
como natural pelos economistas. No ano passado, 10,5% da renda gerada no País
veio do comércio, contra 11,1% em 2014, segundo estimativas do Monitor do PIB,
produzido pela FGV.
Perdas. Com a disputa pelo cliente cada vez mais acirrada, os
lojistas tentam lançar mão de promoções para atrair os brasileiros.
Renegociação de prazos e valores com fornecedores e medidas de redução de custo
também estão no ‘script’ das empresas. Mesmo assim, o crédito travado e a
inadimplência em crescimento mínguam os planos de grandes varejistas.
O Grupo Pão de Açúcar teve prejuízo de R$ 314 milhões no ano
passado. Os investimentos de R$ 2 bilhões feitos em 2015 devem cair a R$ 1,5
bilhão neste ano, segundo a companhia.
A Via Varejo, braço do Grupo Pão de Açúcar que reúne as
marcas Casas Bahia e Ponto Frio, também vai intensificar os cortes de
investimentos e deve ser mais seletiva no crédito diante do preocupante aumento
da inadimplência observado atualmente. A rede fechou 23 lojas e demitiu mais de
11 mil funcionários durante o ano passado. O lucro líquido da empresa encolheu
expressivos 99,7% ante o ano anterior, para R$ 3 milhões.
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