MICROCEFALIA: OMS DECRETA ESTADO DE EMERGÊNCIA SANITÁRIA MUNDIAL.
19:34Brasília, Brasil e o mundo sem retoques!A Organização Mundial da Saúde (OMS) declara a microcefalia como uma emergência internacional, mas evita por enquanto incluir o zika vírus no mesmo patamar diante da falta de provas de uma relação comprovada entre os dois fenômenos.
“Pensei que fosse efeito de algo que comi, diz mãe de bebê com
microcefalia”.
Dona de casa Aline Ferreira em Pernambuco.
Dona de casa Aline Ferreira em Pernambuco.
A OMS recomenda a governos de todo o mundo adotar uma
política de vigilância máxima. Mas optou por evitar incluir o vírus no alerta
diante do número elevado de pessoas infectadas, mas sem qualquer impacto. O
Brasil insiste que a relação existe. Mas a OMS argumenta que ainda precisa de
provas científicas, uma posição que, conforme o jornal "O Estado de S.
Paulo" revelou com exclusividade na semana passada, já causou polêmica
entre o governo brasileiro e a entidade internacional.
Nesta segunda-feira (1º/2) a entidade reuniu os maiores
cientistas sobre o tema, entre eles o brasileiro Pedro Vasconcelos, do
Instituto Evandro Chagas. A constatação é de que a microcefalia e desordens
neurológicas, pela explosão de casos no Brasil, já seriam uma "emergência
de saúde pública de preocupações internacionais" pelo potencial que tem de
também acabar afetando outras regiões.
Até hoje, apenas as doenças H1N1, pólio e ebola receberam tal
status. Isso significa que ela vai exigir uma coordenação internacional e que
existe um risco de proliferação. A partir de agora, a OMS vai lançar um apelo
internacional por recursos para financiar novas pesquisas e tentar determinar a
relação entre o vírus e a má-formação. Mas, de forma imediata, a entidade
sugere uma série de medidas para tentar conter a proliferação do mosquito.
As medidas não vão incluir a restrição de viagens ao Brasil e
de outros países afetados. Mas a OMS sugere que mulheres grávidas tomem medidas
extras para se proteger contra mosquitos.
Uma das preocupações da OMS era a de criar um padrão global
para dar uma resposta ao problema, evitando que governos adotem medidas
extremas, como a de sugerir a seus cidadãos a evitarem os Jogos Olímpicos do
Rio ou qualquer cidade brasileira.
Fontes na OMS admitiram que, em poucos meses, o vírus passou
de "suave" para "alerta" e o zika vírus já está em Grau 2
de emergência, numa escala de zero a três.
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), entre 3
milhões e 4 milhões de pessoas poderiam ser contaminadas pelo vírus em 2016 nas
Américas. Mas a OMS hesita em chancelar a projeção. Ao jornal, o chefe do
Departamento de Surtos da entidade, Bruce Aylward, admite que o zika vírus é
"um teste de uma nação" para o Brasil e pede "maturidade" a
grupos políticos e atores da sociedade brasileira para superar o desafio.
A constatação ainda é de que os casos vão se espalhar para
novos países e regiões. A entidade estima que o vírus pode ser registrado em
casos locais no sul da Europa a partir da primavera no Hemisfério Norte.
Demora
O vírus foi descoberto em Uganda em 1947 e os primeiros casos
em humanos aconteceram na Nigéria em 1954. Em 1977, ele foi registrado no
Paquistão e, 20 anos mais tarde, na Micronésia. A Polinésia Francesa foi alvo
de um surto em 2011 e, agora, a OMS estima que todo o continente americano será
afetado.
Apesar da decisão de hoje, no Journal of the American Medical
Association, cientistas criticaram a OMS por não terem aprendido as lições do
ebola. O temor dos cientistas é de que, mesmo que uma vacina esteja pronta em
dois anos, sua chegada ao mercado pode levar uma década.
Num artigo assinado, Daniel Lucey e Lawrence Gostin apontam
que o fracasso da OMS em agir levou a milhares de mortes pelo ebola na África.
O mesmo cenário poderia ocorrer se uma ação imediata não for tomada.
"Ainda que o Brasil, Opas e o CDC (Centro de Controle de
Doenças dos Estados Unidos) tenham agido rapidamente, a sede da OMS até agora
não tem sido pró-ativa, dando espaço para potencial ramificações",
concluíram.
CB-DF
CB-DF
0 comentários