DIA MUNDIAL DA ÁGUA! DF, O BERÇO DAS ÁGUAS DE MUITOS RIOS!
21:43Brasília, Brasil e o mundo sem retoques!
Para ver e mergulhar
O Distrito Federal, conhecido como "Berço das
Águas", oferece inúmeras opções para conviver com o elemento que é a base
da vida
Água para ver, sentir e se divertir. De norte a sul, no
Distrito Federal não faltam opções de lazer, seja à beira d'água ou dentro
dela. Atividades esportivas, ações culturais e turismo integram a orla do Lago
Paranoá nos fins de semana. Reuniões de família, brincadeiras de criança,
exploração da natureza acontecem no Parque Nacional de Brasília. As mais de 30
cachoeiras que cercam a região são refúgio nos feriados e dias de descanso.
A história do DF se relaciona diretamente com as mais de duzentas nascentes
espalhadas pela região, segundo estimativa do Instituto Brasília Ambiental
(Ibram). Os brasilienses convivem de perto com as opções de lazer do cerrado.
Moradores encontram nelas fontes de bem estar e satisfação, comprovando a
atração universal que as reservas de água, em rios, cachoeiras ou lagos,
exercem sobre cada um de nós. Uma das principais atrações da cidade é a Água
Mineral. Famoso por suas piscinas naturais, o parque dispõe de duas trilhas,
protege ecossistemas típicos do Planalto Central e abriga as bacias dos
córregos formadores da represa Santa Maria. Além disso, é ponto de encontro
para diferentes gerações.
A servidora pública Flávia Maria Cantal: "aqui
conquistei amigos e criei vínculos"
A servidora pública Flávia Maria Cantal, 48 anos, nasceu em
Santos/SP, mas mora em Brasília desde 1978. Poderia ser apenas mais uma entre
os mais de dois milhões de habitantes da capital federal a terem uma rotina
conciliada entre escritório, congestionamentos e outras obrigações do dia a
dia, mas é uma apaixonada pela água e pela qualidade do meio ambiente, onde encontrou
seu hobby.
Nas horas vagas, Flávia pratica a natação. Frequenta de três a quatro vezes por
semana o Parque Nacional e por lá conquistou uma rotina saudável entre amigos.
"Somos privilegiados por temos uma opção de lazer com piscina de água
natural e possibilidade de visitação. Por aqui conquistei amigos e criei
vínculos", conta a servidora.
Além da felicidade expressa no sorriso, Flávia conta que, graças à atividade
física praticada na água, consegue ter uma vida equilibrada, com boas noites de
sono e alimentação saudável. Também é envolvida em questões ambientais e
frequenta a Chapada dos Veadeiros desde os 8 anos. A região, que abriga belas
cachoeiras, está a 243 km de Brasília.
Lago para todos
O atleta paralímpico Marcondes Batista, no Lago Paraná:
"Sei o bem que faz"
Quão importante a água é para você? Além de fonte
fundamental para a manutenção da vida, a dimensão do valor dela no bem estar de
muitas pessoas é maior do que se pode imaginar.
O atleta paralímpico de tiro com arco Marcondes Batista mora há 25 anos em
Brasília e tem uma relação íntima com as águas. Encontrou na prática da natação
uma forma de se superar e é um dos poucos cadeirantes que fazem a travessia do
Lago Paranoá a nado. Natural de Petrolina/PE, nadava nas margens do Rio São
Francisco desde os 16 anos. Sofreu um acidente aos 18, quando perdeu o
movimento nas pernas, motivo que o trouxe para a capital federal. "Minha
principal preocupação após a paralisia era se eu ia conseguir voltar a
nadar", conta.
O atleta sonha participar das Paralimpíadas no Brasil e treina todos os dias
para realizar o desejo. Porém, seus sonhos não se limitam a isso. Batista também
deseja oferecer a outros cadeirantes acessibilidade ao lago. "Muitos
deficientes nunca entraram no Paranoá. Eles precisam conhecer a sensação que
isto oferece. Sei o bem que faz", diz.
Batista também é um dos diversos parceiros que participam do movimento Ocupe o
Lago, realizando atividades colaborativas para a conscientização sobre a
preservação. "Se a água é fonte da vida, é dela que devemos cuidar",
lembra.
SUPeração
Febre em Brasília, o Stand Up Paddle, esporte aquático praticado em pé sobre
uma prancha, também tem uma versão acessível a cadeirantes, no Lago Paranoá,
graças ao educador físico Daniel Badcke.
Tudo começou há 4 anos, quando um cadeirante procurou Daniel em busca de uma
atividade acessível a ele. Diante do desafio e inspirado por outros países, o
educador propôs o SUP adaptado. Hoje, mais de 50 pessoas já passaram pela
experiência, oferecida gratuitamente.
Para praticar, basta ir ao Parque das Águas, no Lago Norte, procurar o
responsável pela Raia Norte Esportes e marcar o melhor horário.
Água também se planta
Experiências desenvolvidas no Brasil mostram que é possível
ressuscitar nascentes e córregos que secaram por culpa de degradação ambiental.
Warner Bento Filho
A má notícia: agressões ao ambiente natural, como desmatamento, são
prejudiciais à manutenção da oferta de água. A conversão de áreas de vegetação
nativa para atividades econômicas, como a agricultura, é inimiga da preservação
das fontes hídricas.
A boa notícia: é possível recuperar as áreas degradadas e "plantar"
água.
A Agência Nacional de Águas (ANA) faz isso há 10 anos. Na verdade, não
exatamente a agência, mas agricultores, nas diferentes regiões do país, por
meio de um programa batizado de "Produtor de Água", implementado pela
agência.
Os objetivos do programa são reduzir a erosão e o assoreamento dos mananciais
nas áreas rurais. O programa é de adesão voluntária e prevê apoio técnico e
financeiro à execução de ações de conservação da água e do solo, como a
construção de terraços e de bacias de infiltração, a readequação de estradas
vicinais, a recuperação e proteção de nascentes, o reflorestamento de áreas de
proteção permanente e de reservas legais e saneamento ambiental, entre outras.
O programa ainda prevê o pagamento de incentivos (ou uma espécie de compensação
financeira) aos produtores rurais que comprovadamente contribuem para a
proteção e recuperação de mananciais.
Sistema agroflorestal em Brasília. Modelo permite melhorar o
solo enquanto produz alimentos e aumenta a oferta de água
"Com certeza, é possível plantar água", garante o
coordenador de Implementação de Projetos Indutores da ANA, Devanir Garcia dos Santos.
Os resultados podem ser conferidos, por exemplo, no município de Extrema, em
Minas Gerais, na bacia do Rio Jaguarí, que contribui para o sistema Cantareira,
em São Paulo. Segundo Devanir, na seca de 2014 e 2015, as nascentes localizadas
em áreas recuperadas por meio do programa na bacia tiveram redução de vazão de
40%, em média. Já as que estavam fora da área de ação do programa secaram
completamente.
As técnicas utilizadas no programa desenvolvido pela ANA encontram comprovação
também numa fazenda que é exemplo em recuperação florestal. Fica no sul da
Bahia e pertence a um cientista suíço transmutado em agricultor orgânico no
Brasil, onde chegou há 34 anos. Ernst Gotsch, 68, adquiriu, em 1984, uma
propriedade com o nome de "Fazenda Fugidos da Terra Seca". Eram 500
hectares de terras improdutivas, degradadas pela extração de madeira e por
práticas agrícolas inadequadas, incluindo o uso de fogo para a formação de
pastagens.
Nas mãos de Ernst, a fazenda mudou radicalmente. Em lugar de extrair madeira, o
suíço passou a plantá-la com dezenas de outras espécies, em sistemas
agroflorestais, que conjugam, no mesmo espaço, desde espécies de ciclo curto,
como mandioca e milho, até espécies perenes, como árvores frutíferas, tudo sem
o uso de insumos químicos.
Hoje, a antiga Fugidos da Terra Seca é uma área altamente produtiva, com 410
hectares de área reflorestada, 350 deles transformados em Reserva Particular do
Patrimônio Natural (RPPN), além de 120 hectares de reserva legal. Com esse novo
tratamento, a natureza respondeu: 14 nascentes ressurgiram e a fazenda trocou
de nome - passou a se chamar "Olhos d'Água".
A agrônoma Fabiana Peneireiro usou o caso de Gotsh em sua tese de mestrado.
"Conheci a fazenda em 1995. Havia três córregos. Hoje, são 17",
conta. "As áreas com cobertura florestal conformam um solo mais poroso,
melhorando sua produtividade, infiltrando mais água e alimentando o lençol
freático", explica.
Brasília sedia evento internacional em 2018
O 8º Fórum Mundial da Água vai reunir governos e especialistas
para promover a conscientização e debater experiências e soluções
Em Planaltina, a Estação ecológica Águas Emendadas, que abriga
nascentes das bacias do Tocantins-Araguaia e a do Prata
A capital do Brasil será a primeira cidade sulamericana a
sediar o maior acontecimento do planeta na área de recursos hídricos. O 8º
Fórum Mundial da Água acontecerá em março de 2018 e promete discutir o
aproveitamento sustentável da água.
O objetivo principal do evento é promover a conscientização, oferecendo um
debate sobre experiências, problemas e soluções que envolvam políticos,
empresas e sociedade. A partir de abril de 2016, serão organizados eventos
preparatórios em cidades brasileiras para levantar o tema e iniciar a promoção
de mudanças.
Brasília será compõe um cenário importante para a realização do Fórum. Além de
ser o centro político do Brasil, a capital abriga nascentes de grandes bacias
hidrográficas e oferece boas condições de hotelaria e acessibilidade para o
público nacional e internacional interessado no assunto.
Diante da crise hídrica enfrentada na Região Sudeste em 2015, o tema promete
atrair atenção. O primeiro evento oficial para a organização do Fórum ocorre em
junho, em Brasília. Entre as propostas brasileiras, está o intercâmbio de
experiências, fortalecimento dos laços entre nações no tema da água e trazer a
proximidade de outros países da América Latina para boas práticas na gestão dos
recursos hídricos.
Entre os diferenciais de edições anteriores, está a população como papel
fundamental na missão do 8º Fórum Mundial da Água. Palestras, visitas,
encontros e capacitação de cidadãos interessados serão realizados com o
objetivo de mobilizar a sociedade. Além disso, haverá o Fórum Cidadão,
plataforma que aproximará o público de governantes, dando a eles a oportunidade
de incitar representantes políticos e sugerir temas sobre a água, para serem
debatidos com outros países.
A partir de maio, programações serão montadas por instituições com a
participação de todos. Cientistas, governantes, estudantes, organizações não
governamentais e empresas se dedicarão a formular propostas concretas para os
grandes desafios mundiais na área dos recursos hídricos.
CORREIO BRAZILINESE
0 comentários