ULTIMO TANGO EM PARIS: A CENA FOI REAL? UM, ESTUPRO DE MARLON BRANDO EM MARIA SCHNEIDER E AGORA JUSTIÇA?
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A "CENA DA MANTEIGA" NÃO
É ARTE, É CRIME
Admissão de que houve estupro real em ‘O Último Tango em Paris’ revolta
Hollywood.
A cena da manteiga no arte crime
Queria sua reação como menina, não como atriz. Não que Maria
interpretasse sua humilhação e sua raiva, queria que sentisse. Os gritos… ‘Não,
não!’. Depois me odiaria para sempre”. Assim narra o cineasta italiano Bernardo
Bertolucci as ambições artísticas por trás do estupro real planejado por ele
mesmo e por seu executor, o ator Marlon Brando, no filme O Último Tango em
Paris. A confissão foi recuperada por vários veículos de imprensa
norte-americanos a partir de uma entrevista do diretor na Cinemateca francesa
em 2013.
O vídeo, traduzido ao espanhol pelo portal El Mundo de Alycia no Dia
Internacional contra a Violência de Gênero, tem mais de um milhão de visitas no
YouTube. O filme, que foi um dos mais emblemáticos da década de 1970, demorou
vários anos para se esquivar da censura em vários países, como no Brasil, por
causa de seu alto conteúdo sexual. Em sua sequência mais lembrada, e agora
infame, Brando, que naquela época tinha 48 anos, utilizava manteiga como
lubrificante para violentar sua companheira de elenco, de apenas 19.
“Queria que reagisse humilhada. Acredito que odiou Marlon e a mim porque
não contamos a ela”, afirmou o diretor de filmes como 1900 e Os Sonhadores. A
ideia ocorreu ao cineasta e ao ator na manhã anterior à filmagem. Na mesma
entrevista, Bertollucci esclarecia que, embora se sentisse “culpado”, não se
arrependia da forma como dirigiu aquela cena. “Para conseguir algo é preciso
ser completamente livre”, concluía.
Apesar de os rumores sobre a veracidade dessa cena já circularem entre os
cinéfilos há vários anos e as declarações do diretor não serem novas, a
confissão escandalizou boa parte de Hollywood. Estrelas como Jessica Chastain e
Chris Evans declararam no Twitter que jamais voltarão a ver o filme, nem considerarão
Bertolucci ou Brando da mesma maneira. “Me dá nojo”, diz a atriz de A Hora Mais
Escura. Como resultado dessas afirmações, iniciou-se há alguns uns dias uma
campanha no Change. Org que exige que a Academia de Hollywood condene
publicamente os fatos e o diretor italiano.
Schneider, que morreu em 2011 por causa de um câncer, jamais se recuperou
emocionalmente depois da filmagem, vivendo longos períodos de depressão. Em uma
entrevista ao jornal britânico Daily Mail em 2007, a atriz contaria em detalhes
o momento de seu estupro. Declarações que passariam despercebidas pela opinião
pública, que durante décadas evitou julgar os fatos. “Deveria ter chamado a meu
agente ou fazer meu advogado vir ao set porque não se pode forçar alguém a
fazer algo que não está no roteiro, mas, naquela época, eu não sabia disso.
Marlon me disse: ‘Maria, não se preocupe, é só um filme’, mas durante a cena,
embora o que Marlon fizesse não fosse real [não houve penetração], eu chorava
de verdade. Senti-me humilhada e, para ser honesta, um pouco violentada por
Marlon e Bertolucci. Pelo menos foi só uma tomada”.
O "crime de estupro é qualquer conduta, com emprego de violência ou
grave ameaça, que atente contra a dignidade e a liberdade sexual de
alguém". O elemento mais importante para caracterizar esse crime é a
ausência de consentimento da vítima. Pela lei brasileira, por exemplo, não é
preciso haver penetração para que o crime se caracterize como estupro.
A atriz terminava a entrevista acrescentando que uma das coisas que mais
lhe doeu foi o comportamento de Marlon Brando depois de consolar a cena, que se
negou a consolá-la ou preocupar-se com seu estado. As revelações do estupro em
O Último Tango em Paris coincidem no tempo com as respectivas polêmicas sobre
as suspeitas de assédio sexual de dois favoritos ao Oscar deste ano: Casey
Affleck e Nate Parker.
Quarenta anos depois, parece que a justiça continua a brilhar pela
ausência. Até quando Hollywood continuará silenciando seus crimes?
Fonte: BRASIL EL PAIS
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