QUANDO LULA ESCOLHEU DILMA PARA PRESIDENTE, OU SERÁ’ANTA”?
20:52Brasília, Brasil e o mundo sem retoques!
QUANDO LULA ESCOLHEU DILMA PARA PRESIDENTE, OU SERÁ’ANTA”?
(Editorial de "O Estadão" que merece ser relembrado pela atualidade especialmente da corrupção no Brasil hoje)
"A evidência de um fracasso"
Quando apresentou Dilma Rousseff
como candidata a sua sucessão nas eleições de 2010, Luiz Inácio Lula da Silva
vendeu aos eleitores a imagem de uma gerente eficientíssima, a quinta-essência
da competência administrativa, a verdadeira "mãe do PAC", o Programa
de Aceleração do Crescimento, pacote de realizações nunca antes imaginadas na
história deste País. Como base daquela campanha eleitoral, Dilma apresentou um
programa criado para chamar de seu, o PAC 2. Quatro anos depois, apenas 15,8%
das realizações prometidas em 2010 foram concluídas, 38,6% continuam em
execução e 45,6% - quase a metade - permanecem no papel. Conclusão inescapável:
o governo não funciona, é ineficiente, incapaz de cumprir satisfatoriamente até
seus programas prioritários.
Esse fenômeno, definido como crise
de Estado pelo professor José Arthur Giannotti em entrevista publicada pelo
Estado no domingo (14/9), "acontece quando você decide em cima e a decisão
não chega embaixo. E o Estado, dessa forma, não funciona. Já temos uma crise de
decisão. Ela continua se Dilma ou Marina vencerem".
Na opinião do professor emérito de
Filosofia da USP, essa crise tenderá a se agravar no caso da reeleição de Dilma
porque "o PT e particularmente o Lula vão interferir muito mais no
governo", assim como, na hipótese da eleição de Marina, esta terá de
superar o desafio de "encontrar uma nova funcionalidade" para
substituir esta "base aliada enorme que destruiu o Estado para ser
construída e criou 39 ministérios", dos quais "nem a Dilma lembra
mais quais são os ministros".
Esse é o resultado do completo
aparelhamento da máquina governamental promovido pelo lulopetismo - por ironia,
a pretexto de garantir a "governabilidade" - com o único propósito de
criar condições para sua perpetuação no poder.
De fato, o que se pode esperar, em
termos de eficiência, de um governo cujos cargos técnicos, em todos os níveis,
são preenchidos para atender aos interesses políticos dos partidos que integram
a "base aliada" em vez de levar prioritariamente em consideração a
qualificação profissional e a idoneidade moral dos nomeados?
Obras do governo não são tocadas
por funcionários públicos, mas por empreiteiras que, obviamente, procuram
maximizar lucros. A responsabilidade dos funcionários do governo é agir com
base nos mais rigorosos critérios de preservação do interesse público em todas
as fases do processo de preparação e execução de um projeto, desde o edital e a
preparação dos necessários contratos até a fiscalização das obras.
Ora, não se pode esperar que
apaniguados políticos, cujo maior, se não único, mérito é usar uma estrela
vermelha na lapela, sejam capazes de questionar competentemente aspectos
técnicos ou orçamentários de projetos apresentados por empreiteiras mais do que
experientes em negociar com o poder público. E seria ingenuidade imaginar,
diante das evidências diariamente expostas na mídia, que os mais elevados
padrões éticos sempre predominem nessas negociações.
Não foi por outro motivo que,
durante seu governo, Lula se queixava sempre da atuação do Tribunal de Contas
da União, que considerava extremamente rigorosa na fiscalização dos contratos
para a realização de obras públicas.
Não foram Lula e o PT que
inventaram a corrupção. Na verdade, o combate a ela sempre foi uma de suas
principais bandeiras antes de chegarem ao Palácio do Planalto. A corrupção é
produto do patrimonialismo historicamente predominante nas instituições
governamentais desde os tempos coloniais.
O lulopetismo tem apenas dedicado
seus 12 anos no poder a aprimorar em benefício próprio os métodos da corrupção,
como o demonstram, com uma estarrecedora clareza, o processo do mensalão e,
agora, o escândalo da transformação da Petrobrás em fonte de recursos a serviço
dos interesses políticos de PT e aliados.
E o mais trágico - o fenômeno
diagnosticado pelo professor Giannotti do qual Dilma já deve estar se dando
conta - é que esse verdadeiro poder invisível entranhado na máquina
governamental tende a adquirir vontade própria. Ou seja: a decisão que se toma
embaixo não é sempre, necessariamente, a que vem de cima.
O Estadão-
Portanto, não foi falta de aviso...
0 comentários