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VAGNER FREITAS DA CUT MUDA A CONVERSA E DIZ QUE"TRABALHADORES VOTARAM SIM EM BOLSONARO"! E VAMOS BUSCAR O DIÁLOGO, AFIRMA.
12:12Brasília, Brasil e o mundo sem retoques!
PRESIDENTE DA CUT-PT MUDA A CONVERSA:
“TRABALHADORES VOTARAM EM BOLSONARO. A CUT VAI PROCURAR O GOVERNO PARA
NEGOCIAR”
Passado um mês daquela viagem a
Curitiba, Freitas recebeu o EL PAÍS para uma entrevista e voltou atrás na sua
declaração. "O Governo [Bolsonaro] foi eleito por 57 milhões de pessoas e
vai tomar posse no dia 1º janeiro. A CUT vai procurar o governo para negociar
os interesses dos trabalhadores", diz o dirigente, que comanda a maior
central sindical do País (são 3.700 sindicatos afiliados, segundo a entidade).
"O vídeo que gravei em Curitiba foi um momento infeliz. Eu fiz uma fala e
eu não penso isso."
Não que isso represente qualquer
rompimento com o PT ou com o líder histórico do partido. Freitas participou da coordenação da campanha presidencial de
Fernando Haddad, se define como "um militante do PT" e compareceu
à entrevista usando um broche "Lula Livre". Para além disso, a
própria CUT mantém uma ligação quase que embrionária com o Partido dos
Trabalhadores, tendo ex-dirigentes em cargos eletivos pela sigla ou em postos
de destaque na burocracia do PT. No entanto, diante do expressivo apoio obtido
pelo agora presidente eleito nas urnas —"obviamente que houve votos de
trabalhadores que elegeram o Bolsonaro", reconhece Freitas— a postura
adotada durante o Governo Temer, de simplesmente tachá-lo de ilegítimo, parece
não ser mais uma opção. "O que queremos fazer é sermos propositivos,
queremos fazer uma oposição com proposição", defende o sindicalista. A
seguir, os principais trechos da entrevista.
Resposta. O
Governo Bolsonaro foi eleito com uma proposta que iludiu muito os brasileiros e
parcela dos trabalhadores. Foi eleito com fake news e utilizando
estratégias vindas de outras eleições. Mas é verdade que o Governo [Bolsonaro]
foi eleito por 57 milhões de pessoas e que ele vai tomar posse no dia 1º de
janeiro. A CUT vai procurar o Governo para negociar os interesses dos
trabalhadores. Diferentemente do que fez com o [presidente Michel] Temer, que
nunca foi eleito, o senhor Jair Bolsonaro, com todas as críticas que eu
possa fazer, foi eleito presidente da República. E portanto nós vamos
tratá-lo assim, como quem foi eleito, e vamos levar a nossa pauta de reivindicação
dos trabalhadores para ser negociada. Nós vamos defender os trabalhadores de
qualquer ataque que possa acontecer, mas é diferente da nossa visão em relação
ao Temer. Nós não considerávamos o Temer presidente eleito.
P. Não
houve qualquer diálogo entre o Governo Temer e a CUT?
R. Não
havia, mas com o Bolsonaro vai haver porque ele é presidente eleito.
P. Mas em novembro, em
Curitiba, você disse que não reconhecia Bolsonaro como presidente da
República.
R. É uma
oportunidade muito grande para esclarecer esse tema. Acho que o Bolsonaro foi
eleito com medidas que enganaram a população que votou nele, [entre eles]
muitos trabalhadores, não tenho dúvida nenhuma. Mas ele foi eleito, então nós
vamos tratá-lo como presidente da República e vamos fazer a representação dos
trabalhadores. O vídeo que gravei em Curitiba foi um momento infeliz. Eu fiz
uma fala e eu não penso isso. Sabe por quê? Porque eu preciso defender os
trabalhadores, independentemente do que nós achemos sobre o Bolsonaro. Se o
movimento sindical não fizer a representação direta dos trabalhadores perante o
Governo Bolsonaro, outros não farão e os trabalhadores ficarão desprotegidos. O
que eu estou dizendo aos trabalhadores é que eles não estão e não estarão
sozinhos. [Eles] têm a CUT lado a lado deles para proteger os seus direitos,
independentemente se votaram no Bolsonaro ou em qualquer outro candidato.
P. Considera
que haverá algum diálogo, levando em conta que o próprio presidente eleito é um
ferrenho crítico dos sindicatos?
R. Não
existe [um canal de diálogo com o novo Governo]. Nós vamos construir, a
proposta da CUT é que a gente faça um grande encontro nacional da classe
trabalhadora, já no início do ano, com representantes de todas as centrais. E
[de lá vamos] tirar uma pauta de reivindicação comum dos trabalhadores para ser
negociada com o Governo eleito. [Uma pauta] que fala da não retirada de
direitos, da manutenção da Previdência pública e geral como ela é hoje;
da não privatização das empresas públicas; [uma pauta] que proporá uma mesa de
nacional de negociação permanente para os trabalhadores do setor público; que
enfatizará a negociação no setor privado. O Governo Bolsonaro vai ter a
oportunidade de se manifestar. Nós não vamos dizer de antemão o que o Governo
vai fazer, vamos propor um processo de representação dos trabalhadores. Nós
representamos os trabalhadores. Se ele vai nos ter como um interlocutor ou não,
é uma decisão que ele vai tomar. Nós vamos procurar a interlocução.
P. Está
incluída nessas pautas alguma proposta de reforma da
Previdência?
R. Nós
estamos discutindo nas centrais e isso será um dos pontos a ser discutido
quando nós realizarmos o encontro nacional da classe trabalhadora. Não está
fechado ainda, mas devemos apresentar uma proposta de Previdência que nós
entendemos que seja adequada ao momento que estamos vivendo. Agora, as
informações dadas pelo [futuro ministro da Economia, Paulo] Guedes e pela sua
equipe, falando basicamente em transformar a Previdência em capitalização para
ser vendida nos bancos privados, com essa proposta nós não concordamos. Nós
entendemos que temos que discutir com os trabalhadores do Brasil o modelo de
Previdência que vamos propor. Vamos dar um acabamento nisso numa reunião entre
as centrais no começo do ano.
P. Mas há
algum ponto de mudança nas regras previdenciárias que a CUT estaria disposta a
apoiar?
R. Eu
acho que o tema Previdência é muito querido para os brasileiros. Então eu não
posso e não vou me antecipar aqui, porque nós estamos em discussão na CUT, e
nas outras centrais sindicais, de uma proposta que nós faremos. Eu não quero
antecipar porque não tenho esse modelo. Nós defendemos uma Previdência
universal, solidária, que, além da aposentadorias das pessoas, garanta também o
que temos hoje na Previdência, que é toda uma política de seguridade social por
trás do sistema previdenciário.
P. Mas
existe o reconhecimento por parte da CUT de que alguma mudança na Previdência
precisa ser feita?
R. Temos
que tomar muito cuidado porque essa proposta [da reforma da Previdência]
inicial do governo é muito midiática. Ela não pode convencer os trabalhadores
de que o projeto que eles estão fazendo seja o melhor, dizendo que nós
[movimento sindical] não temos nenhuma proposta. Eu acho que a gente tem que
construir uma proposta que seja discutida sobre o interesse dos trabalhadores.
Só que eu não vou detalhá-la agora porque nós não a temos.
P. Há vários especialistas que dizem que equilibrar a Previdência
é uma necessidade, além de apontarem uma desigualdade muito grande entre os
regimes do nosso sistema. Como você definiria o nosso modelo previdenciário?
R. Também
existe sonegação por parte do empresariado. É preciso uma reforma tributária
para garantir que haja uma Previdência para todos. E existem outras questões
que nós queremos discutir. Não concordamos com essas teses construídas de que a
Previdência vai acabar porque ela é deficitária. Se você não tiver uma política
de ingressar novos trabalhadores no mercado com carteira assinada, e [de
ingressar] contribuintes para o fundo da Previdência, o que pode acabar com a
Previdência não é o modelo que ela tem [hoje], e sim o fato de você não ter contratação
oficial, de ter todos contratados de maneira irregular e fora do fundo
previdenciário. O tema Previdência é muito, muito importante para a gente. Por
isso que eu acho que nós temos que refletir. Nós não temos nenhuma proposta
construída que não seja a manutenção da Previdência que está aqui hoje. Agora,
nós não vamos nos furtar a apresentar uma Previdência que seja de interesse dos
trabalhadores. Não vamos deixar que o governo eleito diga que estamos fugindo
do debate, que estamos fechados apenas no que existe. Não podemos dar essa
chance, para que eles façam campanha com os nossos trabalhadores, de maneira
geral desinformando os trabalhadores. Isso ainda é muito embrionário, mas nós
queremos nos aprofundar. O que queremos fazer é sermos propositivos, fazer uma
oposição com proposição. Propondo coisas de interesse dos trabalhadores, para
que o governo se posicione e os trabalhadores mesmo percebam o que a gente tem
falado: que esse governo não leva em consideração os interesses dos
trabalhadores.
P. Para
além da Previdência, em quais outras áreas você defende que a CUT faça essa
oposição propositiva?
R. Para
todos os temas de interesse nacional. Nós vamos propor uma reforma tributária,
vamos propor questões referentes à economia. O Brasil vive um momento em que os
trabalhadores esperam da CUT que ela os represente, inclusive com esse governo
conservador eleito. Então, nós vamos pegar todos os temas de interesse
nacional —no campo social, econômico e político— e apresentar propostas
efetivas, que sejam do interesse da classe trabalhadora. Como vai ser o nosso
comportamento em relação do Governo Bolsonaro? Todas as vezes que ele fizer
qualquer ação que seja contra os trabalhadores, nós denunciaremos e
organizaremos os trabalhadores para a resistência. Se, por ventura, eles
fizerem alguma ação que seja benéfica para os trabalhadores, nós não
denunciaremos. Não se trata pura e simplesmente de fazer pré-leitura: o Governo
Bolsonaro já começou, ele compôs um ministério e as primeiras medidas do
governo dele são medidas que atentam contra a classe trabalhadora. Por exemplo,
acabar com o Ministério do Trabalho, já demonstrando como vai ser o trato nesse
processo como um todo. E aí nós já dissemos que somos contra, achamos que tem
que manter o Ministério do Trabalho, por ser um ministério importante para os
trabalhadores. Vai ser assim, ação e reação. Vamos propor coisas e reagir a
qualquer retirada de direitos ou atentado contra a democracia e as liberdades.
P. Em
uma declaração recente você disse que entre os eleitores do Bolsonaro há muitos
trabalhadores.
R. O
Brasil não tem 57 milhões de empresários. Obviamente que houve votos de
trabalhadores que elegeram o Bolsonaro. Nós vamos representar esses
trabalhadores, que votaram em quem eles tenham votado. Nós os representamos
independentemente da opção político-eleitoral que eles fizeram. Achamos que os
trabalhadores foram levados a cometer um equívoco, com uma campanha
publicitária bem feita, uma comunicação direta que a campanha Bolsonaro fez com os
trabalhadores via WhatsApp; com o medo que foi estabelecido na sociedade
brasileira. E acho também que boa parte dos votos que vieram para o Bolsonaro
foi por conta da negação à política que foi construída no Brasil, a
desconstrução da política. Os trabalhadores que votaram no Bolsonaro viram ele
como [alguém] de fora do sistema. Eu acho que a sociedade queria punir e dar um
recado aos políticos brasileiros. Não é à toa que metade do Congresso Nacional
foi modificado —renovado eu não acho que ele tenha sido, mas foi modificado— e
muitos [parlamentares] não foram reeleitos. E outros foram eleitos por conta
disso, era um sentimento de mudança que o Bolsonaro catalisou.
Vagner Freitas, foi um dos grandes defensores de Dilma Roussef.
Como já tinha
catalisado na eleição norte-americana, onde também boa parte dos trabalhadores
votou em [Donald] Trump.
P. Considerando
a visão claramente hostil aos sindicatos por parte do Bolsonaro, é possível
dizer que a atuação das centrais ao longo da próxima administração será
unicamente defensiva, numa espécie de redução de danos?
R. É um
Governo de resistência. Nós devemos proteger os trabalhadores do processo de
retirada de direitos que o governo eleito já tem dito que vai fazer. Já foi em
relação à reforma trabalhista, mas não tenho dúvida nenhuma que vai
ser em relação à reforma da Previdência e em relação à questão do funcionalismo
público. Em relação a oficializar o bico, que é o que ele faz com a Carteira
Verde a Amarela. O que ele faz é oficializar e dar legalidade ao bico. Ou
seja, o trabalho precarizado e sem direitos, e [Bolsonaro] vai dizer que é
geração de empregos para as pessoas, [quando] na realidade ele está precarizando
o emprego e oficializando o bico. E por isso que é um governo de resistência.
Eu não entendo que será um governo em que você vá enfatizar a negociação
coletiva, enfatizar as relações diretas entre empregados e trabalhadores. Vai
ser um governo que retira direitos e que procurará diminuir a importância dos
sindicatos ou enfraquecê-los. Ou até eliminar os sindicatos e, por
consequência, a
Justiça do Trabalho. Por isso que eu acho que o nosso movimento sindical
precisa ser muito unitário e de resistência.
P. Essas
dificuldades que você prevê ficam maiores com a perda de financiamento dos
sindicatos a partir do fim do imposto sindical obrigatório aprovado no Governo
Temer?
R. A
reforma trabalhista já foi um processo de atentado aos trabalhadores e à
organização sindical. Eu acho sem dúvidas nenhuma que é um momento difícil para
os sindicatos. Mas nas crises aparece também um momento de engrandecimento. Nós
vamos ter que construir, unidos, formas de continuar existindo, mostrando para
os trabalhadores a importância que o sindicato tem na defesa dos direitos, que
eu acho que é muito o debate que virá no governo futuro. Essa coisa de
incentivar os trabalhadores no debate da meritocracia e do individualismo,
[dizendo] que eles não precisam se organizar coletivamente para defender os
seus direitos; que eles precisam mesmo é conquistar os seus direitos de maneira
individual e que, para isso, não precisam dos sindicatos. Esse é o debate de
fundo que acontecerá e que nós evidentemente temos que fazer o contraditório.
Precisamos dizer que a relação capital e trabalho não é individual, mas de
classes sociais; que individualmente o trabalhador fica muito diminuído no
enfrentamento com o patrão, se ele o fizer de maneira individual; e que o
sindicato é o instrumento e a estrutura para defender os direitos de toda a
classe trabalhadora. Esse debate vai aparecer e eu acho que a gente precisa
estar preparado para enfrentá-lo.
P. Como
vê o futuro das centrais sindicais no país?
R. A
questão financeira, ela já vai ser um... Se nós não tivermos uma solução para o
financiamento sindical... Eu acho que tem que ter financiamento sindical além
da associação, porque no Brasil existe prática antissindical, por isso que os
sindicatos muitas vezes não conseguem associar os trabalhadores. Por
impedimento do patrão, por conta da forma que é organizada a legislação
sindical brasileira. Eu acho que você vai ter que ter uma unidade entre as
centrais sindicais muito forte de ação, por isso que a gente está propondo a
assembleia nacional da classe trabalhadora, com todas as centrais sindicais.
Acho muito difícil que você consiga ter no Brasil a existência de oito centrais
sindicais como há hoje. Mas é importante destacar que eu não estou dizendo, com
isso, que a CUT tem alguma política de anexação.
P. Isso
enfrentaria resistência das outras centrais.
R. Enfrentaria
resistência, mas eu acho que nós temos que conversar com as outras centrais
sindicais para ver como é que podemos fazer políticas unificadas e unitárias.
Não há nenhuma possibilidade de se ficar discutindo protagonismo, ou de luta
por protagonismo, entre as centrais sindicais no Governo Bolsonaro. Nós temos
que estar juntos para poder representar e proteger os trabalhadores. Claro que
nós temos concepções sindicais distintas e diferentes. Agora, neste momento,
onde você já teve a reforma trabalhista e vai ter um governo que aparentemente
processará práticas contra os sindicatos, não é o momento de discussão de
protagonismo. É um momento de unidade. Se vai haver fusão ou não de centrais
sindicais é outro tema. O mais importante é que a gente ande junto.
P. Você
diz que não pode haver disputa por protagonismo, algo que se assemelha muito à
crítica que partidos de centro-esquerda fazem ao PT. Atualmente, a ligação da
CUT com o PT traz desgaste para a central dentro do movimento sindical?
R. A CUT
não tem vinculação ao PT. A CUT é uma central plural, não faz parte da
estrutura do PT. Quando nós temos concordância com as políticas que o PT
propõe, nós andamos juntos. Quando nós temos divergências, criticamos. Fizemos
isso no Governo Lula e no governo Dilma. Agora, eu particularmente, o Vagner
Freitas, não o presidente da CUT, sou militante do PT. É uma coisa que é
diferente de a CUT ser associada ao PT. E acho que, da mesma forma que nós
temos que ter unidade nas centrais sindicais, na Frente Brasil Popular e na
Frente Povo Sem Medo, o Brasil precisa ter uma frente democrática. Uma frente
com partidos políticos, movimentos sociais, centrais sindicais e
personalidades, em defesa da democracia, da liberdade e dos direitos. E o PT
tem que fazer parte disso, mas não ser o hegemônico. Agora, não existe nenhuma
possibilidade de construção de uma frente de resistência ampla e democrática sem a participação do
maior partido de esquerda... Um dos maiores do mundo. Não existe isso. Não
pode ter o protagonismo do PT, mas não existe frente sem o PT. E eu acho que,
neste momento, todos os agentes políticos nacionais têm que ter muita
responsabilidade com o momento que estamos vivendo. A CUT é autônoma, mas sabe
que andará sempre junto àqueles que defendem a democracia, a liberdade e o
direito dos trabalhadores.
P. Com o
fim do imposto sindical, como está a situação financeira da CUT. Qual o tamanho
da dificuldade de financiamento?
R. A CUT
não está insolvente, a CUT resistirá e continuará forte na defesa dos
trabalhadores. Ela continua tendo a maior quantidade de sindicatos filiados. Os
principais sindicatos do Brasil são filiados à CUT e ela continua muito forte.
Algumas notícias que aconteceram na imprensa brasileira foram lamentáveis, de
que a CUT estaria insolvente.
P. Mas,
com o fim do imposto sindical obrigatório, realmente a receita caiu muito.
R. A
receita caiu muito. Nós vamos ter que ter criatividade para, junto aos nossos
sindicatos, criar receitas alternativas para a sustentação da central. Agora,
por exemplo, nós conseguimos que a contribuição negocial, aprovada em
assembleia pela maioria dos participantes, possa ser cobrada. Isso já é uma
coisa importante que a gente construiu. E os sindicatos da CUT estão orientados
a isso, a reunir os trabalhadores em assembleia, para eles votarem por uma
contribuição assistencial. Já seria uma arrecadação importantíssima para os
sindicatos tanto da CUT quanto das outras centrais sindicais. Não vai deixar de
existir o movimento sindical no Brasil muito menos os sindicatos. Com todas as
dificuldades impostas, eu não tenho dúvida nenhuma que nós temos condições de
resistir a isso. Essa é uma forma de arrecadação importante, enfatizar a
questão da associação dos trabalhadores é cada dia mais importante, com
campanhas de sindicalização. Mas nós vamos ter que pensar outros modelos de
arrecadação, que não sejam só o da contribuição da associação.
P. Há algum outro exemplo que
possa adiantar?
R. Existe
em outros países do mundo o sindicato arrecadando com prestação de serviços,
com outras coisas importantes para os trabalhadores. E eu acho que nós vamos
ter que enfatizar isso agora. Não sabemos o que o Bolsonaro pode fazer, mas
achamos que ele pode fazer coisas muito graves em relação à sustentação do
movimento sindical. Então nós vamos ter que criar outras formas de arrecadação.
P. Diante
das dificuldades financeiras, a CUT está vendendo o edifício que abriga a sua
sede em São Paulo?
R. A
sede da CUT não está à venda, nós entendemos que temos que adequar a nossa
despesa à nossa receita. Se você tem uma queda de arrecadação, evidentemente
que precisa ter uma diminuição das despesas. Mas não existe essa questão de que
a CUT estaria tão enfraquecida que está até vendendo a sua sede.
Nós temos uma diminuição da nossa
arrecadação, então, evidentemente os custos que nós temos precisam ser
diminuídos. Nós temos um custo de manutenção da nossa sede de quando nós
tínhamos uma arrecadação compatível a isso. Agora você não tem uma arrecadação
compatível, isso é normal. Por isso que aventou-se a possibilidade de venda do
prédio. Se houver uma proposta concreta, e que seja interessante e que a
Executiva da CUT e os seus sindicatos entendam que é interessante, eles farão o
processo... Mas isso é uma relação normal e corriqueira. Eu acho que foi muito
politizado esse tema. O que eu quero dizer com isso? Se tiver a oportunidade de
fazer qualquer venda, se tiver uma proposta que nós acharmos interessante, o
faremos. Se não tiver, não o faremos. E isso não é motivo de uma discussão mais
importante.
Com informações de El País.com
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