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FAMILIA RORIZ- HERDEIRAS TRAVAM GUERRA NA JUSTIÇA PELA HERANÇA DO FALECIDO LÍDER JOAQUIM RORIZ.
10:13Brasília, Brasil e o mundo sem retoques!
FILHAS DE JOAQUIM RORIZ DISPUTAM HERANÇA NA JUSTIÇA.
Após morte de Joaquim Roriz, suas filhas
que nunca se trataram bem, brigam pela herança na Justiça
Herdeiras do ex-governador não se falam e apelaram ao Judiciário em busca
da partilha da Fazenda Palma, localizada em Luziânia (GO)
Passado o luto pela morte de Joaquim Roriz e com o fim do prestígio
político do clã, as três principais herdeiras deixaram para trás a imagem de
família unida e protagonizam um verdadeiro barraco sobre como será
dividido o espólio do ex-governador, calculado em aproximadamente R$ 300
milhões.
Pela falta de liquidez dos
bens – 95% estão investidos na Agropecuária Palma –, as irmãs Weslliane Maria
Roriz Neuls, 58 anos, Jaqueline Maria Roriz, 56, e Liliane Maria Roriz, 53,
entraram em verdadeiro pé de guerra familiar em busca da partilha dos
bens, o que envolve desentendimentos, brigas e até processos judiciais.
Além da fazenda, o espólio do ex-governador
envolve lotes no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), lojas no Plano
Piloto, a conhecida mansão da família no Park Way e terrenos na área do
Confinamento, em Luziânia (GO).
As diferenças entre as
filhas do ex-governador se escancararam a partir do fim de setembro de
2018, quando Joaquim Roriz perdeu a luta contra várias doenças, entre as quais
um problema renal crônico e a diabetes. Fundador da Agropecuária Palma,
fabricante e distribuidora de leite e derivados, Roriz construiu, além da vida
pública, um patrimônio invejado pelos fazendeiros vizinhos de suas terras, em
Luziânia.

Com 14.500 hectares (maior que o
próprio município onde está localizada), a Palma chegou ao seu ápice
durante as gestões de Roriz à frente do Governo do Distrito Federal (GDF).
Contudo, após deixar a vida pública e com vários problemas de saúde, o
ex-governador se afastou da administração direta dos negócios e nomeou a
primogênita, Weslliane, como gestora da agropecuária. O patriarca sempre a
considerou como a mais moderada das três.
Avessa aos holofotes e à
política, Weslliane passou a administrar os negócios enquanto Roriz se dedicava
a cuidar de dois eixos: a saúde e a manutenção da carreira pública.
Nessa época, Jaqueline se candidatava a deputada distrital, e Liliane Roriz, a
caçula, dedicava o tempo a um restaurante luxuoso, o I Maestri,
mantido com seu marido à época, o empresário Rodrigo Sanchez. Eles se
separaram e o estabelecimento fechou.
Administração da empresa
Das três, Weslliane sempre teve mais afinidade com a vida no campo. Ao lado do marido, Júlio Neuls, e do filho, Juliano Roriz Neuls, Nane – como é chamada entre os familiares – dedicou os últimos anos à condução da Agropecuária Palma, incluindo mudanças severas e modernização de gestão, contrariando o estilo do pai.
Das três, Weslliane sempre teve mais afinidade com a vida no campo. Ao lado do marido, Júlio Neuls, e do filho, Juliano Roriz Neuls, Nane – como é chamada entre os familiares – dedicou os últimos anos à condução da Agropecuária Palma, incluindo mudanças severas e modernização de gestão, contrariando o estilo do pai.
Por ter um perfil mais apaziguador
e manter a confiança das duas irmãs e da mãe – Weslian –, a
primogênita não sofreu resistências com a decisão de Roriz em apontá-la como
gestora de seu império, mas essa harmonia pereceu junto com a saúde do
patriarca.
Ainda em vida, o ex-governador
dividiu as terras de Luziânia, de forma igual, para as três herdeiras. Cada
uma, portanto, recebeu pouco mais de 33% do total das terras, que incluem
a indústria de laticínios – hoje a principal fonte de renda do clã.
Depois da morte de Roriz, em setembro de 2018, aos 82 anos, as três
herdeiras, no entanto, passaram a travar uma batalha pelo espólio familiar.
Duas delas na Justiça: Weslliane e Liliane.
Alijadas da política e sem
ocupações profissionais, Liliane e Jaqueline passaram a direcionar o tempo para
participar dos negócios da família. Em um dos momentos mais críticos, Liliane
quis uma auditoria tributária nas contas da empresa, comandadas por Júlio Neuls,
cunhado dela. A desconfiança gerou o primeiro grande desentendimento entre
Weslliane e Liliane, até então próximas.
Na Justiça
As diferenças entre as duas ultrapassaram os limites familiares e chegaram ao Judiciário. No Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), há pelo menos três processos de autoria da caçula contra a primogênita. Em um deles, com audiência de conciliação marcada para 4 de junho de 2019, Liliane afirma ser detentora de 50% das cotas da Palma e acusa a irmã e o cunhado de fraudarem o faturamento da empresa.
As diferenças entre as duas ultrapassaram os limites familiares e chegaram ao Judiciário. No Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), há pelo menos três processos de autoria da caçula contra a primogênita. Em um deles, com audiência de conciliação marcada para 4 de junho de 2019, Liliane afirma ser detentora de 50% das cotas da Palma e acusa a irmã e o cunhado de fraudarem o faturamento da empresa.
“Diz que a sócia-administradora vem
praticando condutas estranhas e contrárias à boa gestão dos negócios, inclusive
simulando aparente bom negócio para a sociedade, omitindo dados importantes,
retroagindo datas e assinaturas em documentos, com o intuito de enriquecerem-se
às custas da empresa e lesar os interesses da requerente e da sociedade
empresária”, consta no processo.

“Nenhuma das duas herdou o caráter do pai, disse um veterano observador político”.
Mais uma ação foi aberta entre as
irmãs. Após trocar cascalhos das terras da Palma por asfalto até a
porta de sua parte na fazenda, fato revelado pelo Metrópoles, em
novembro de 2017, Liliane foi alvo de intimação judicial por parte da irmã
para dar explicações sobre a razão de escoar as pedras sem a autorização do
grupo empresarial.
Como gestora, Weslliane precisa
autorizar quaisquer tipos de produção das terras. Agora, questiona o fato
de não ter sido consultada. A ação corre no TJGO.
Do cascalho ao eucalipto
Em outra investida judicial, a primogênita questiona a caçula sobre a extração irregular de eucaliptos das terras do clã. A informação chegou aos ouvidos de Weslliane, que é contrária ao tipo de atividade. Brigadas, as duas, hoje, só se falam por meio de advogados. Em meio ao fogo cruzado, Jaqueline ainda mantém contato com as duas irmãs e a mãe.
Em outra investida judicial, a primogênita questiona a caçula sobre a extração irregular de eucaliptos das terras do clã. A informação chegou aos ouvidos de Weslliane, que é contrária ao tipo de atividade. Brigadas, as duas, hoje, só se falam por meio de advogados. Em meio ao fogo cruzado, Jaqueline ainda mantém contato com as duas irmãs e a mãe.
Das três, dona Weslian sempre
teve mais afinidade com a filha primogênita. Após a morte de Roriz, a
ex-primeira-dama passou a depender quase que exclusivamente dos rendimentos
gerados pela produção de leite e derivados da Palma.
O faturamento mensal da fazenda, em
média, aproxima-se de R$ 1 milhão, sem descontar os gastos necessários para a
produção. No final das contas, sobra para as três irmãs um valor bem mais
modesto do que aquele ao qual estavam acostumadas a receber quando o pai era
vivo.
Com menos “cascalho” no bolso, as
filhas recorrem a alternativas de renda, como o aluguel de pasto para
produtores vizinhos. A prática é comum na região e costuma render boas cifras
para quem não cria animais e tem terras não produtivas.
A briga pelo espólio de
Joaquim Roriz é mais um capítulo da conturbada relação da família do
ex-governador. O político, em vida, demonstrava preocupação com as constantes
brigas e diferenças entre as herdeiras. Por isso, o patriarca presenteou cada
uma das filhas com um imóvel, todos bem avaliados no mercado imobiliário.
As mais velhas receberam de Roriz
terrenos de 10 mil metros quadrados ao lado e ao fundo da conhecida mansão no
Park Way, habitada pelo político até a sua morte. Para Liliane, o ex-governador
comprou uma casa em uma das quadras mais valorizadas do Lago Sul, a SHIS QI 15.
Ele também separou pedaços de terra dentro da Palma, com uma casa para cada
filha.
Penhora da Palma
Além da briga entre as irmãs, há outra ação que corre em paralelo, a que cobra parte do patrimônio da discórdia. Em 2013, a Justiça do Distrito Federal decidiu pela penhora de 50% das cotas da Agropecuária Palma, as quais pertencem a Weslliane Roriz.
Além da briga entre as irmãs, há outra ação que corre em paralelo, a que cobra parte do patrimônio da discórdia. Em 2013, a Justiça do Distrito Federal decidiu pela penhora de 50% das cotas da Agropecuária Palma, as quais pertencem a Weslliane Roriz.
O bloqueio serviu para garantir o
pagamento de notas promissórias devidas a José Maria da Cunha, um comerciante
goiano. A decisão foi da 17ª Vara Cível do Distrito Federal. De acordo com o
processo, caminhões e vasilhames próprios para o armazenamento e transporte de
leite foram adquiridos de Cunha por integrantes da família Roriz, mas não foram
pagos.
A alegação do clã é de que seis
notas promissórias teriam sido quitadas, mas o juiz reconheceu apenas o
pagamento de duas delas. O principal alvo da ação de penhora foi
Weslliane, que era avalista do marido na negociação.
Além dela, o cônjuge Júlio Henrique
Almeida Neuls e os parentes Leonardo Roriz, Maria Leila Vieira Roriz, Orlando
Roriz e Ana Lea Roriz são réus na ação. Atualmente, o processo recebe embargos
declaratórios por parte da defesa do clã Roriz.
A Fazenda Palma, localizada em
Luziânia e alvo das disputas judiciais
Os planos frustrados de Joaquim
Roriz
Na época em que ainda estava em posse das plenas faculdades mentais, os planos do homem que governou o DF por quatro mandatos eram de manter a primogênita, Weslliane, no comando da Fazenda Palma e as outras duas filhas, Jaqueline e Liliane, na vida pública. Elas seriam as responsáveis por dar continuidade ao nome de Joaquim Roriz na política.
Na época em que ainda estava em posse das plenas faculdades mentais, os planos do homem que governou o DF por quatro mandatos eram de manter a primogênita, Weslliane, no comando da Fazenda Palma e as outras duas filhas, Jaqueline e Liliane, na vida pública. Elas seriam as responsáveis por dar continuidade ao nome de Joaquim Roriz na política.
O castelo de baralho de Roriz
começou a ruir quando Liliane decidiu entrar para a política.
Jaqueline, então deputada distrital, era contra e as duas brigaram. O
patriarca, que já havia sido enquadrado como ficha suja por ter
renunciado ao mandato de senador na tentativa de escapar da
cassação, referendou a vontade da caçula. A decisão prolongou a
permanência do sobrenome no poder. Em 2010, Liliane foi eleita deputada
distrital e sua irmã, federal.
Apesar da esperança de
longevidade política, no mesmo ano em que tomou posse no Congresso Nacional,
Jaqueline foi tragada por denúncias de corrupção. Ela foi envolvida no
episódio da Caixa de Pandora, maior esquema de corrupção já visto no Distrito
Federal, por reunir, em sucessivas fraudes, diversas instâncias do Executivo e
do Legislativo com o setor produtivo.
Embora o escândalo, que levou o
então governador José Roberto Arruda (PR) à cadeia, tenha sido revelado em
2009, os vídeos de Jaqueline recebendo dinheiro do delator do esquema, Durval
Barbosa, apareceram em 2011. Ela e o marido, Manoel Neto, protagonizaram uma
das filmagens mais emblemáticas do caso.
O episódio foi amplamente explorado
nos tribunais. Jaqueline conseguiu cumprir todo o mandato de federal, mas, nas
eleições de 2014, tornou-se ficha suja. Assim, o Tribunal Regional Eleitoral do
Distrito Federal (TRE-DF) a considerou inelegível.
Como a ex-deputada foi
condenada por improbidade administrativa pelo Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e dos Territórios (TJDFT), ficou enquadrada na Lei da Ficha Limpa, que
proíbe a candidatura de políticos que tenham sido sentenciados por órgão colegiado.
Liliane inelegível
Em meio a toda turbulência familiar que já atingia os Roriz, Liliane foi reeleita em 2014. Assumiu e atuou por mais quatro anos na Câmara Legislativa. Nas eleições de 2018, no entanto, ela estava condenada por compra de votos e não pôde concorrer a qualquer cargo. Assim, não continuou na vida política.
Em meio a toda turbulência familiar que já atingia os Roriz, Liliane foi reeleita em 2014. Assumiu e atuou por mais quatro anos na Câmara Legislativa. Nas eleições de 2018, no entanto, ela estava condenada por compra de votos e não pôde concorrer a qualquer cargo. Assim, não continuou na vida política.
Ainda no ano passado, a
família, já com Roriz bastante debilitado, fez sua aposta para manter o
sobrenome do ex-governador em espaço de poder: lançou Joaquim Roriz
Neto, filho de Jaqueline, na disputa pela Câmara dos Deputados, mas a a
candidatura não vingou.
Hoje, as herdeiras do clã canalizam
energia em garantir rendimentos por meio da exploração do que restou do espólio
do patriarca.
Outro lado
O Metrópoles procurou as três filhas de Joaquim Roriz – Weslliane, Jaqueline e Liliane. Contudo, até a última atualização desta reportagem, as herdeiras não tinham respondido as mensagens nem retornado os telefonemas da equipe. O espaço segue aberto a manifestações.
O Metrópoles procurou as três filhas de Joaquim Roriz – Weslliane, Jaqueline e Liliane. Contudo, até a última atualização desta reportagem, as herdeiras não tinham respondido as mensagens nem retornado os telefonemas da equipe. O espaço segue aberto a manifestações.
DANIEL FERREIRA/METRÓPOLES.COM, DF
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